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É assim que acaba um ciclo e que começa(m) novas memórias. Sobre ovos e constelação familiar.

  • Foto do escritor: Letícia Simões
    Letícia Simões
  • 17 de jun. de 2023
  • 3 min de leitura

Dias atrás chorei no ônibus. Sim, foram dias atrás mesmo. Por economia e um pouco de impaciência com os aplicativos de transporte. Não tenho carro (ainda) e confesso que tenho um bloqueio com motos. Além disso estou lidando com novos boletos, mas não era por estes que eu chorava. Terminei a leitura de "É assim que acaba" da maravilhosa Colleen Hoover... Confesso que estou mais na vibe dos clássicos e de livros mais técnicos... Porém, uma amiga forçou-me a leitura.

Bem, o choro apertou ainda mais porque tive vontade de escrever sobre os meus sentimentos daquele momento. Abri o bloco de notas do celular e lembrei-me de ovos:

"Há poucos dias fritei ovos, postei porque achei esquisita e engraçada a forma que tomaram na panela. Muitas pessoas enxergaram um sorriso. Minha aluna Lara, inclusive, comentou ser um "ovo estranhamente feliz". É justamente assim que me sinto agora... Algumas tensões surgindo, mas ainda consigo sentir bençãos à vista, apesar de não ver nenhum rastro delas. Coração em paz!! É assim que acaba? (Um velho ciclo)"

Pois é, o livro de Colleen (tão recomendado por minha amiga Nanda, até por Lara, a qual caracterizou muito bem os ovos), fez-me compreender o porquê dessa felicidade estranha: rompimento de padrões. No automático estava com minhas engrenagens inconscientes programadas desde a infância. Por lá era comum escutar "ele vai mudar"; "é preciso ter paciência" e o que mais impregna, " tudo pelos filhos".

Não quero revelar pormenores da minha família, apesar de já dizer muita coisa com essas frases. Mas, eu quero que você lembre dos pormenores da sua, rebobine seus arquivos infantis. Quais são as memórias que consegue se lembrar com maior vivacidade? Agora compare com sua vida hoje ( seu trabalho, relacionamento etc). Já havia parado para pensar nisso? É algo óbvio, não é? Mas ninguém ensina olharmos para nossa base. Recentemente fui convidada para alguns eventos acadêmicos da saúde. E mesmo com temas diferentes, consegui o espaço para repetir a frase de um psicólogo eletrizante, Marcos Strider: "Necessitamos de psicoeducação".

O problema (ou a solução) é que aparentemente quando você se coloca no lugar de observador de si mesmo e de suas raízes, a sensação é enxergar o mundo de ponta cabeça e trilhar por caminhos fora do convencional.

Para não parecer um papo alternativo, acho importante salientar os dados de uma tese de mestrado em psicologia da saúde intitulado "Cápsula do tempo: adolescentes roteirizando projetos de vida.... Como esperado ( por mim), houve evidências da repercussão de questões familiares nos rumos tomados pelos participantes da pesquisa.

Sim, Letícia. O que tem a ver o ovo, o livro, a constelação familiar?

Bem, o que quero dizer é que todos os dias tomamos decisões em nossas vidas, assim como Lily, personagem principal do livro. Ela decidiu fugir daquelas frases anteriores e de todas as memórias acumuladas, quebrando padrões familiares.

Talvez ela também tenha ficado estranhamente feliz, como o ovo diferentão, como eu após ser constelada. Aquela paz no coração se confirmou com o fim da leitura. Assim como Lily identifiquei padrões familiares ( que não eram propriamente iguais aos do livro) que me sabotaram por anos. Não, não foi e nunca é culpa dos nossos pais. Eles fizeram/fazem o que está ao seu alcance diante de suas circunstâncias físicas, sociais, emocionais... Mas, acredito que quando a gente consegue enxergar toda essa configuração, o que acontece desse ponto em diante é total responsabilidade nossa. Tanto para nós quanto para os que virão depois de nós. Lily ressignificou a frase "tudo pelos filhos"... Diante de tudo isso, recomendo a leitura e a sessão de constelação familiar.

E o que é mesmo essa tal de constelação? É uma prática terapêutica feita por meio de representação teatral, pela qual você coloca algum aspecto de sua vida que queira observar. A partir disso, o terapeuta vai conduzindo bonecos ou pessoas que representem algum membro de sua família. E assim surgem as causas e efeitos. A raíz é identificada e reverbera em seu inconsciente ficando mais fácil se encaminhar para a fase do "É assim que começa", segundo livro de Hoover, no qual Lily mostra que não é fácil, mas é possível sim formar novas (e boas) memórias.


PS

Fiz a minha constelação familiar com a enfermeira psiquiátrica e terapeuta, Laisla Leite.


 
 
 

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