top of page

Carta aberta aos meus ex-alunos e a quem interessar (da enfermagem)

  • Foto do escritor: Letícia Simões
    Letícia Simões
  • 6 de jul. de 2023
  • 3 min de leitura

Então, minha gente! Não estou mais pró. Foram dois anos como docente temporária na universidade em que me graduei/especializei. E estes me deram uma bela sacolejada, como quando a gente pega aquela bota que tá parada lá num canto e bate pra tirar o pó, sabe?... Foi um belo divisor de águas. Bem, ontem em minha última atividade oficial, ao sabor de chocolate quente com marshmallow tostado (minha pedida na despedida com as alunas) escutei a solicitação: " Qual mensagem, conselho, a pró deixa pra gente!?"

Eu repeti o mesmo discurso de todo final de semestre, muito conhecido por vocês que já foram meus pupilos: "Não sejam medíocres". (Olhos arregalados). Tentei, como sempre, acrescentar mais informações a esta palavra feia e carregada.

Aqui, abertamente reitero: Não esperem validação externa na vida e na enfermagem. a começar pelo exemplo do piso salarial. É até desmotivante discorrer sobre, por isso pulo...

Bem, para a sociedade, no geral, ser enfermeiro é sinônimo de estar ao lado do paciente 24 horas contemplando suas necessidades básicas. Fomos até aplaudidos na pandemia. E sim, já bastaria para sermos valorizados. Acontece que além do básico ( no qual enfermeiros são bem mais supervisores, pois os técnicos de enfermagem merecem todo o mérito e com honra), somos nós quem gerimos a maior parte das ações em saúde - Seja na organização de setores mais complexos, sala de vacina, auditoria, vigilância, ensino, pesquisa - Rapaz, somos competentes pra ca...


Portanto, VA-LI-DEM-SE!!!


Eu sei, parece impossível a plenitude na profissão. Mas, acreditem não acontece só com a gente. Falei pras meninas: pensem no longo prazo!! ( Como assim?)


Já repararam em como a gente determina a necessidade de possuir. E enfatizar o possuir? Poxa é desaforo, trabalhar e não levar!! Aí não dá né?! Pronto, caiu na armadilha! Uma escravidão que acumula hora e frustrações.


As amarras já são tantas, resta aceitar qualquer coisa e entregar qualquer coisa...


A diferença é que para algumas outras profissões, as reclamações giram em torno de sustentar um estilo de vida bem mais elevado.


Voltemos... A ideia do curto prazo tem ficado tão séria que normalizamos arrastar dedos para visualizarem sequência de vídeos rápidos. Não se pausa para ler um texto de maior quantidade de linhas, quiçá livros, artigos, cursos. "Sem tempo, irmão!" Li um comentário sobre o novo aplicativo (Threads): "Tenho ranço de prolixidade". Será que alguém chegou a essa parte do meu texto?? Quem sabe!!


Quem foi meu aluno sabe o quanto "pego no pé" para ir além da mesa, do papel e do que é "cobrado". Na sala vermelha falo que me preocupo com os eletrólitos, leucócitos, sobre a prescrição sem o medicamento devido. E repito aos pupilos "Sejam vigilantes, previnam agravos!". Enquanto isso crítica no couro: "É coisa de doutor!" "Já temos serviço demais!" Estes são os que mais vivem pregados na mesa. (Perdoem-me a sinceridade, quem sabe indelicadeza).


Ainda assim, clamo: "Não sejam medíocres". Estejam onde realmente queiram estar. Tenha a liberdade da mudança. Sim, eu sei bem que a condição financeira nos força a pensar "pior sem". E é onde há que se criar estratégias para que seja uma condição passageira. Sua saúde física/mental e quem você serve através do seu trabalho agradecem...



Talvez esteja prolixa. Por isso encerro o assunto por aqui mesmo. Leiam-me nas entrelinhas. Talvez também eu esteja um pouco fora da realidade ou me colocando porta fora. Deixo o convite!


Fica a seu critério, estar ou não.



 
 
 

Posts recentes

Ver tudo
Da sombra à luz

O título desse texto é o nome da obra de um querido, baseada em reflexões inspiradas. Luís Rogério foi meu professor na graduação em...

 
 
 

Comments


Post: Blog2_Post
bottom of page