Da sombra à luz
- Letícia Simões
- 28 de mai. de 2023
- 4 min de leitura
O título desse texto é o nome da obra de um querido, baseada em reflexões inspiradas. Luís Rogério foi meu professor na graduação em enfermagem. Não fui a única privilegiada em usufruir de seu viés político. Como um verdadeiro líder, que é, transfere através da docência, ao menos um pouco, de sua defesa pelo sobrevivente Sistema Único de Saúde (SUS), pelo qual sustenta-se a ideia da saúde determinada, dentre outros fatores, por aspectos sociais, econômicos. E por que não, espirituais?
Não tenho religião (nunca fui cética), mas de uns tempos para cá vejo-me mais atenta ao impacto deste último aspecto (o qual também foi incluído na conceituação de saúde pela OMS).
Silenciei minhas crenças limitantes... logo, algumas peças encaixaram-se, floresceu então uma sensibilidade desapercebida e um pouco de clareza, que até então escondia-se sob uma espécie de cegueira travestida de resiliência. Iniciei uma escuta ativa íntima, apesar das interferências "externas".
Me deparei com uma tenebrosa caveira (a minha parte sombra) e entendi que aquele era o momento de trocar uma ideia. Confesso que não foi tão confortável, no entanto quando decidi olhar para essa senhora esqueleto, pude ser a Letícia de verdade, a construir de fato a história que me pertencia...
Talvez neste exato momento você esteja pensando que perdeu seu tempo, pois veio saber sobre o livro de Luís Rogério e encontra um relato egocêntrico... Sim, essa é uma característica em processo de ressignificação...Deixo claro que não se trata de uma resenha.
Pois bem, não foi só a minha admiração pelo autor que me fez comprar o livro de imediato. O título e sinopse fizeram-me lembrar dessa experiência supracitada, a qual relato em um E-book amador*.
O fato de trazer análises do contexto da vida de um desencarnado também me despertou curiosidade. Não que eu nunca tivesse contato com este tipo de obra, quando pequena amava folhear páginas dos romances espíritas da casa de minha tia, porém com o tempo rotulei-as como fantasiosas. Convenceu-me, prioritariamente, o lance de alguém conhecido e do mundo das ciências trazer uma obra inspirada.
As teorias da psicologia de Carl Jung incorporaram-se cada vez mais em meu novo repertório, já que eu estava tentando desconstruir um adoecimento mental auto-diagnosticado, além de lidar com a ideia suicida de alguém muito próximo. E lá estavam no livro do professor: o suicídio e as teorias junguianas.
Óbvio que o ápice de toda história é o desfecho. E é óbvio também que não o contarei ( risos). Porém, logo nas primeiras páginas, um fragmento tornou-se o meu ápice: "A escuridão das noites dá-se na ausência temporária da luz... porque não há sombras em nenhum lugar dos mundos, senão dentro de cada um de nós, a projetar-se de dentro para fora...A sombra, portanto não é algo terrificante, mas um arquétipo interessante, onde por ignorância, medo ou frustração, em algum momento da vida, infantilmente, nos escondemos" (Verlaine de Guimarães).
Amigo(a), pode ser que você não saiba que arquétipo é um termo da psicologia de Carl Jung ou por ventura não soubesse nem mesmo da existência do respectivo senhor (Vale a pena pesquisar). Não te subestimando, outrora não o conhecia até ler a legenda da imagem de uma caveira no fundo do mar, no instagram. Ela era comparada à tal sombra trazida no fragmento anterior do poeta brasileiro, o qual inspirou o livro do Luís.
Eu o lí duas vezes, porque não era possível uma historia inspirada não me dar, se quer, uma margem de desconfiança. E agora, talvez finalmente eu conte o que você gostaria de saber. O que o escritor traz? Ele conta a história de um poeta que cometeu o suicídio desencadeado por um quadro depressivo (luto crônico) originado pela morte de sua noiva. O espírito traz a sua experiência no umbral (quem assistiu a novela "A viagem" pode ter uma ideia melhor deste tipo de lugar, conhecido como o vale dos suicidas, lugar de sofrimento até a próxima reencarnação). Até o momento em que é resgatado para a luz. E explana o resgate de sua noiva, a qual seguia por séculos, estática em um outro "mundo".
Quem sabe eu esteja me achando leitora de pensamentos. Mas, muita gente pode estar repreendendo o conteúdo agora, ou já tenha o feito (risos). A minha sugestão é: Silencie as suas crenças e leia o livro. Lembrando que os valores de compra do mesmo serão doados para o abrigo Nosso Lar de Vitória da Conquista.
Quando mencionei não ter nenhum tipo de desconfiança da história trazida, o fiz, primeiro, por conhecer a honestidade de Luís e pelo fato dele mencionar todo cuidado na construção do livro ( levou anos). Segundo, ele trouxe a experiência do poeta discutindo o espiritismo com ciência, apresentando argumentos robustos e consistentes, incluindo as teorias Junguianas. Fazendo-nos realmente rever crenças. Terceiro, era fantasioso pensar em lugares distintos, céu, inferno, umbral... Tudo isso me levava ao questionamento da Justiça Divina. Já que para alguns, as escolhas religiosas seriam um tipo de condenação. E para mim, importava muito mais o que se mantinha dentro do coração.
E é isso que o livro pontua. Não existem lugares, há o que se projeta de dentro para fora. Afinal "Na casa de meu Pai há muitas moradas".
Eu pude compreender ainda mais que é tolice negar as nossas sombras, é preciso puxar uma cadeira e convidar a senhora caveira para tomar um chá. Se não as olhamos, não conseguimos percebê-las, isso pode tornar-se destrutivo, assim como foi para o poeta.
Em uma linguagem mais "razoável": Não somos só corpo, cuidemos da nossa mente e por que não, do nosso espírito?
*O E-book amador é o "Narrativas da minha intuição disponível no destaque "Histórias" do meu Instagram @lesimoes.s
Segue link do livro "Da sombra à luz"
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